Descrição
Estilo: longa duração
Sinopse: Em cena, um grafite desenhado virtualmente sob a tela de projeção dialoga com o movimento do dançarino. A conversa entre imagem e ação acontece ao vivo, de forma improvisada. E o pano de fundo para a criação são as danças de rua, conectadas aos ritos tradicionais do candomblé e da umbanda. Dessa miscelânia multimidiática e cultural surge o novo espetáculo do coletivo Black Horizonte, criado a partir de um convite dos curadores do festival Verão Arte Contemporânea. Com estreia hoje, no Teatro Marília, "Blacktronic" investe na estética do transe, própria dos terreiros, para unir tradição e contemporaneidade no campo da arte africana. "Ao pesquisar esse ambiente intermídia, percebemos que ele já acontece num terreiro de candomblé, pois ambos pensam imagem, som e corpo como aspectos de um ritual, nenhum deles pode existir isoladamente. Então, procuramos buscar esse tipo de conexão no nosso trabalho", explica o diretor Gil Amâncio. Durante o processo de criação de "Blacktronic", diversos estilos de danças de rua foram confrontados com outras tradições corporais de matriz africana. Dessa forma, danças de orixás dialogam com o break das ruas, acrescidos de maracatu, congado e capoeira para construir as narrativas corporais e cênicas do espetáculo. "A arte negra ainda é vista como algo pertencente ao campo do passado, do intuitivo e do exótico, e eu sempre achei que ela poderia nos ajudar a pensar o nosso presente ou nosso futuro. E, quanto mais avanço nessa pesquisa da dança negra aliada à tecnologia, mais vejo saídas para esse lugar onde, às vezes, a gente cai, da dificuldade de lidar com a questão da violência, por exemplo. Ainda mais porque a tecnologia não para de evoluir", observa. Nessa junção entre arte negra e tecnologia, o vídeo também ganha função de destaque no trabalho. Executadas ao vivo por Gabi Guerra e Tatu Guerra, as imagens seguem a lógica do "live cinema" e trilham um jogo de improviso com a dança. "Usamos desde imagens dos artistas dançando em espaços públicos da cidade até o grafite eletrônico que acompanha o movimento do dançarino. O interessante é que as três instâncias - dança, vídeo e som - são construídas ao vivo a cada apresentação", explica. Segundo Amâncio, o uso do improviso é também uma maneira de remeter à lógica dos terreiros de candomblé. "Nos terreiros, cada momento é um acontecimento, não existe algo que chega num lugar e se repete. E nossa ideia é recriar esse ambiente".
Ficha Técnica: Ficha técnica: Coletivo Black Horizonte. Direção e trilha sonora: Gil Amâncio. Vídeo cenografia: Gabi Guerra e Tatu Guerra. Coreografia e performance: Leandro Belilo, Lola Peroni, Dewson Maskote, Rodrigo Pinheiro, Wallison Culu. DJ: Mouse. Assistente de produção: Nathalia Loures.
Foto: Foto: Guto Muniz